sábado, 12 de abril de 2008
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Ele ordenava que ela se sentasse e calasse a boca enquanto a chamava de vagabunda, lhe dizia coisas como – Não sou seu macho pra que me trate assim, não sou seu moleque. Ela pensava não se preocupe, meu macho não trato assim. Isso ela pensava enquanto dizia pra ele que lhe desse aquele tapa na cara se fosse homem de verdade. Durante alguns segundos pensou em como devia tratar seu macho com leves carícias no pescoço e massagem nos pés, afinal, é dando que se recebe. Em meio a gritos estéricos de uma irmã e orações de sua mãe algo na TV chamou a atenção de todos na sala fazendo com que os ânimos se dispersassem. Neste momento na sala já se ouviam mantras de agradecimento. Antes mesmo de receber a benção solicitada. Ela e seu pai já não se importavam mais. Já haviam deixado de lado toda aquela bronca.Em seguida ela foi pro banheiro e sentada no vaso refletiu por alguns minutos sobre seus traumas de infância, ouvia lá fora a voz dele já mais calma dizendo a toda a família presente na sala, inclusive tios e primos distantes, que aquilo não podia continuar e que ele não permitiria...ela sentada ouvia o discurso patético de quem só sentiu o orgulho ferido por ter perdido ou talvez nunca encontrado a autoridade tão desejada. Ela deu uma gargalhada lá dentro e o silêncio se fez na sala , acabara de se lembrar de quando tinha 13 anos e ele a chamou de puta ou algo assim. Pixou na porta do quarto a frase “Quarto da vadia, favor bater.”
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